Seu mindset é fixo ou de crescimento?
Estou relendo o livro Mindset, de Carol Dweck, e não poderia deixar de escrever algo sobre o assunto porque é a segunda vez que eu leio o livro e sigo achando tudo muito interessante e válido de ser compartilhado.
Já parou para reparar como você encara as situações que acontecem com você? Como são as suas reações e o que você fala para si mesmo? Acredito que às vezes a gente tem um mindset fixo e nem se dá conta. Se é assim, provavelmente foi algo que você aprendeu quando mais jovem e faz sem notar muito. Mas é possível mudar o mindset fixo para de crescimento, e é possível evitar que um mindset fixo se instale desde a infância. Algo que precisamos fazer é ter cuidado com o que dizemos para as crianças. É muito comum querermos elogiar alguém e falarmos coisas como “você é inteligente” ou “você é talentoso”, esses elogios podem fazer mais mal do que bem porque a pessoa vai achar que se em algum momento ela não for inteligente ou talentosa, ela não terá valor. E é óbvio que não somos inteligentes e talentosos a todo instante, sem falhar, é impossível porque somos seres humanos que cometem erros, e isso não nos faz menos de algo, apenas nos dá mais oportunidades para melhorar.
Eu não lembro exatamente como eu era elogiada quando criança, só lembro de me dizerem que eu era bonita. Será que isso afetou minha autoestima? Será que contribuiu para me tornar uma perfeccionista? Eu demorei para perceber que o perfeccionismo não era necessariamente uma coisa boa, porque ele nos trava e nos deixa com medo de errar. E é melhor feito do que perfeito. É melhor começar a fazer algo do que não fazer nada. É melhor a tentativa diária de evolução do que sempre achar que se pode confiar em talento. Prefiro o conceito de talento adquirido e aperfeiçoado. Quem pode dizer quando esse aperfeiçoamento vai parar? Podemos nos tornar excelentes em qualquer coisa se aplicarmos o esforço necessário para isso. Esse é o mindset de crescimento.
Eu tenho um irmão mais velho, e do meu ponto de vista ele sempre foi muito inteligente e tinha/tem talento para fazer as coisas sem precisar se esforçar muito. Talvez por isso eu achasse que eu era “menos” que ele, porque eu precisava me esforçar bastante para atingir resultados semelhantes, por isso me tornei estudiosa e organizada. Todos nós demonstramos mindsets diferentes em diferentes situações, ninguém é apenas um tipo de mindset puro. O que é sugerido no livro é que a gente identifique as situações que percebemos nosso mindset fixo, para que assim a gente consiga se educar (e ter uma percepção diferente) e lidar com a situação de forma melhor. O autoconhecimento e o diálogo consigo mesmo são muito importantes para uma mudança de mindset.
Em determinada parte do livro a autora escreve sobre a nossa persona de mindset fixo. Todos temos uma porque todos temos um pouco dos dois mindsets dentro de nós. É aquela voz que te puxa para baixo e te deixa em dúvida sobre as suas capacidades de vez em quando. A autora comenta sobre o exercício de nomear a nossa persona de mindset fixo, para que possamos educá-la melhor e quem sabe desenvolver mais o mindset de crescimento nela (em nós). Vou chamar minha persona de mindset fixo de Hindemburga. Ela está sempre braba e na defensiva, é extremamente explosiva e reativa, tem medo de admitir erros e é perfeccionista num nível chatíssimo. É com ela que tenho que lidar quando eu acho que eu não deveria me esforçar tanto (provavelmente para não correr o risco de errar) ou quando eu duvido de mim mesma (afinal, por que eu teria a capacidade de fazer algo que não é fácil para mim?), ou quando alguém me critica e fico (ela fica) automaticamente furiosa antes mesmo de raciocinar se o que a pessoa falou faz sentido. Então, primeiro temos que ter conhecimento da nossa persona de mindset fixo, e depois temos que conversar com ela e tentar ensinar, com paciência, como avaliar melhor as situações para a nossa evolução.
O livro todo é muito legal, e sugiro que leiam. A autora dá muitos exemplos e cita estudos com professores, mestres, educadores, técnicos e pais (afinal, todo pai e toda mãe são nossos professores). As características que achamos ter desde o nascimento podem ser modificadas, elas não estão escritas em pedra. Podemos nos moldar e devemos nos moldar para melhor. Confie no seu esforço, na sua persistência, na sua disciplina, na sua rotina, e os resultados vão aparecer. E quando aquela persona chata de mindset fixo aparecer na sua cabeça lembre ela: “Espera um momentinho Hindemburga, que a coisa não é bem assim, vamos conversar..”.